Coach do Coach

Os melhores profissionais e as melhores equipas têm um denominador comum: serem peritos nas competências intra e inter que perfazem as relações interpessoais entre todos os objectivos, as ferramentas e os meios.


terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Para perder identidade é preciso tê-la?

O Benfica de 2009/10 começou com a força toda. Ganhou uma mão cheia de torneios, começou a Liga com um grande jogo apenas parado por um guarda-de-redes em dia (muito) sim, algumas goleadas, vitórias difíceis em Guimarães e Leiria, boas exibições na Europa até ao AEK!

Aí...viu-se o primeiro Benfica menos acutilante. Diria que se reflectiram a vertente física, motivadora e talvez a questão de Jorge Jesus não fazer descansar alguns atletas mesmo quando os resultados à hora de jogo já eram de 4 ou 5. Depois o Nacional e a pequena vingança do homem da pastilha elástica contra o bom português.

Braga. Chegara o teste mais difícil, diriam alguns. Entraram mal no jogo e após meios erros distribuídos pela equipa, jogadores, túneis e Jorge Sousa, Braga ganhava com alguma justiça.

Aí começaram os meios-jogos, as meias-grandes exibições, verificaram-se algumas dependências, a de Cardozo, Aimar, e Guimarães para a Taça foi uma faca espetada ali mesmo no meio...do cerne da questão!

Começavam-se a apontar os primeiros erros e defeitos de JJ. Keirrison, substituições tardias, falta de alternativas, aposta sempre nos mesmos, etc. Olhanense veio mostrar algo mais. Falta...disciplina comportamental e não táctica à equipa. A identidade da equipa esbarra no dar a volta ao marcador. Não podem contratar jogadores que após semanas e alguns jogos, afirmam que querem dar o salto para um grande!

O recrutamente tem de ser criterioso até aqui: não basta ser bom jogador, jovem e promissor, etc..., tem de querer estar no clube.

A identidade e o seu crescimento têm várias fases! Uma delas é a capacidade de se conhecerem todos os seus elementos e perceberem a interdependência! Acho que o Benfica ainda não a conquistou totalmente. Está mais perto, é verdade. Mas falta algo...que as equipas grandes têm, que é a regularidade! O ganhar bem mesmo quando não se joga sempre bem. E o ganhar sempre quando se joga bem. E aí passam a ser sustentáveis.

JJ é na minha opinião, alguém que conseguirá dar isso ao clube, pois ele próprio está a crescer e a conhecer-se numa realidade diferente, a de ter de ser campeão. Mas tem de ficar 3 a 4 anos no mínimo naquele clube. Rui Costa aprendeu na primeira época, deu vários erros, quer de casting, timings, intervenções. Este ano, porque as coisas correm bem, está mais na sombra e intervém com maior segurança.

Ao Benfica não faltam infra-estruturas. Não falta um director desportivo, técnico ou para o futebol. Não falta massa adepta. Não faltam bons jogadores. Falta sim, cultura de campeão. O Benfica já a teve, alguns ainda persentem isso. Mas a grande maioria nunca a viveu. Sem viver...o que se pode pensar que se sabe, não conta. Necessitam de criar sustentabilidade nos processos, em que a 'máquina' está montada independentemente de quem liga e desliga os tais processos.

Domingo, estarão frente a frente uma equipa em construção contra uma construída, independentemente dos moldes que utilizaram para tal. O ciclo. Sem algumas pedras influentes na equipa, com o adversário a subir, a identidade ...nasce aqui. Ou não!

4 comentários:

Tiago Viana disse...

É exactamente o que penso.
Duas opiniões pessoais em termos de gestão de activos:
Treinador não pode desvalorizar activos, i.e, tem de colocar nos jogos menos importantes jogadores que quer valorizar para vender, não diz que n conta com eles, não o demonstra, dá-lhes ânimo e confiança para os valorizar.
Schaffer é um bom exemplo. Nunca jogou mal. Porquê o banco e embirração?
Jogadores não podem ver o clube como plataforma e muito menos expressá-lo publicamente. Alguns fazem-no há chegada ao clube. Inadmíssivel.
Mas identidade clubística num plantel só é possível com mais jogadores portugueses senão... é muito mais dificil.

Angelo Medeiros disse...

O Benfica, tem ainda um problema para resolver, a permeabilidade à comunicação social, este facto só cria instabilidade, repercute-se nos jogadores e na instituição.
Sei que é difícil um clube com a grandeza do Benfica, estar escudado contra esta avalanche diária, também sei que é do povo, e todos queremos saber tudo o que se passa lá dentro, mas, algo tem de ser feito, e não é com silêncio, o silêncio ensurdecedor de um par de dirigentes, protegidos pelo nevoeiro.

antonio boronha disse...

Rui,

Excelente apreciação na minha modesta opinião.
Se não se importa - vou assumir que não - tenciono publicá-la no meu blogue.

Um abraço

Rui Lança disse...

Caro António Boronha,

Obrigado pelo feedabck, e claro que não me importo.

Cumps,