Coach do Coach

Os melhores profissionais e as melhores equipas têm um denominador comum: serem peritos nas competências intra e inter que perfazem as relações interpessoais entre todos os objectivos, as ferramentas e os meios.


terça-feira, 8 de dezembro de 2009

É a parte comportamental que num processo de grupo faz com que o 1+1 seja mais (ou menos) que 2?

Fica aqui mais um belo texto do meu amigo Luis Vilar sobre uma afirmação minha em tempos:

"É a parte comportamental do jogador que num processo de grupo faz com que o 1+1 seja mais (ou menos) que 2."

"Sobre esta temática do todo ser diferente da soma das partes, muito se fala e muito vezes, não tão acertivamente como desejado. Este raciocínio provém das ciências da complexidade, várias vezes citado pelos filosofos Morin (em Introdução ao Pensamento Complexo) e por Le Moigne (em O Método). Posteriormente, foi divulgada pela física na Teoria Sistémica, Teoria do Caos e mais recentemente, pela Abordagem Baseada nos Constrangimentos. Mas em que consiste concretamente?!

Um sistema é composto por partes que interagem entre si. O produto da interacção das partes, ou seja, o comportamento do todo, não é possível de verificar quando apenas uma parte do sistema está presente. Ou seja, o padrão formado pelo sistema (dinâmico) é diferente do que aquilo que cada uma das partes consegue fazer por si só, e da soma do que ambas conseguem fazer isoladamente. O sistema é complexo (com um todo diferente das suas partes) quando as suas partes estão constrangidas, isto é, ligadas por um qualquer elo. Por exemplo, é um eixo de um carro que permite que as rodas do mesmo (partes do sistema) se comportem de forma organizada e conferém ao carro a capacidade de virar (um todo diferente da soma das partes).

E no futebol?
O elo que une as partes do sistema (i.e., os jogadores) é a informação. Esta, emerge do contexto de jogo por intermédio da relação com a oposição. É o grau de afinação de todos os sujeitos de uma mesma equipa às propriedades relevantes do contexto que proporcionam acções ajustadas (i.e., as affordances) que vai determinar as melhores equipas. Isto é, a capacidade de todos e cada jogador identificar a informação pertinente e agir sobre ela, e a capacidade de todos e cada jogador agir para criar a informação pertinente, faz do todo algo maior que a soma das partes.
É o grau de afincação de cada jogador ao ciclo de informação e acção (i.e., o modelo de jogo) próprio de cada equipa que distingue, em Futebol como nos Desportos Colectivos, os bons dos melhores.

Saudações desportivas,

Luís Vilar."

6 comentários:

Anónimo disse...

Material muito interessante...onde podemos encontrar mais?

Dário Pinto disse...

Sem dúvida um bom texto, parabéns pela colaboração. Fico à espera de mais.

Um abraço!

Anónimo disse...

Temática que começa a aparecer por aí, muito interessante. Vê-se que é de alguém que perce disso. Parabéns ao rl por ter 'convidado' alguém como o Luis Vilar.

MP

Gisela Baptista disse...

Sem duvida uma questão pertinente..
Uma boa dissertação sobre o assunto.
Parabéns

Luís Labaredas disse...

"Acertivamente"?
"Afincação"?

Ó senhor doutor, neste Natal experimente pedir ao Menino Jesus um dicionário e uma gramática da Língua Portuguesa.

Rui Lança disse...

Fica o reparo Caro Luís, obrigado.