Coach do Coach

Os melhores profissionais e as melhores equipas têm um denominador comum: serem peritos nas competências intra e inter que perfazem as relações interpessoais entre todos os objectivos, as ferramentas e os meios.


segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Inteligência Colectiva das Equipas

A inteligência colectiva nas organizações/equipas é um termo que abrange um misto do conjunto das competências dos elementos que compõem o todo e dos processos/dinâmicas criados para potenciar as mais valias dos recursos humanos na concretização dos objectivos propostos. Algo semelhante ao team cognition.

Ao observar as equipas com excelentes performances e com os seus processos equilibrados, quer as desportivas quer em termos organizacionais, deparamo-nos cada vez mais com um conjunto de processos transversais baseados em competências (que deveriam ser) ‘simples’ e, que constituem em muitos casos, a base das relações humanas, de equipa, laborais, etc.

Constatamos que as boas equipas de projecto/trabalho (apenas para as diferenciar das desportivas propriamente ditas) apresentam sintonia nos processos de grupo em competências como:
- Escuta activa/comunicação/assertividade;
- Empatia;
- Confiança;
- Alinhamento (visão, missão, valores, objectivos);
- Envolvimento ((I always go the extra mile);
- Responsabilização/Reconhecimento;
- Superação;
- Etc.

Constata-se também que ‘bastará olhar para o lado’ para visualizarmos (e vivenciarmos) grupos de trabalho onde a comunicação não flui, não há a preocupação em saber se a nossa mensagem chegou ao destinatário e a sua compreensão foi de encontro ao nosso objectivo, onde não existe um complemento de objectivos, tarefas, sentimentos contraditórios e longe do ‘amor à camisola’, pouca proactividade ou o não reconhecimento.

Observamos as equipas desportivas que apresentam excelentes resultados desportivos e o que constatamos? Utilizamos o último caso de enorme sucesso, e constatamos que o Barcelona em futebol, vence, convence, supera os seus desafios, dificuldades e adversários, bate recordes e quando ouvimos os comentadores e treinadores a falar do seu sucesso, conclui-se que a magnífica equipa baseia os seus processos nas competências técnicas básicas do jogo de futebol para além da qualidade que os seus elementos individuais possuem:
- Passe, recepção, ‘desmarcação, entreajuda, alinhados num objectivo, dedicação ao clube e empenhados.

Para todos aqueles que foram ou são atletas ou treinadores, quer em desportos colectivos quer em desportos individuais, recordamo-nos de que são esses os princípios que ouvíamos ou tentamos instituir nos atletas. Step by step de forma a garantir os princípios para posteriormente se avançar para a complexidade de processos.

Estranhamente, as organizações desportivas, constituídas por técnicos e dirigentes com um passado desportivo, não conseguem transpor os valores porque se regiam enquanto praticantes desportivos para uma realidade organizacional, falando em Federações, Associações, Clubes, ONG’s, Autarquias, etc.

Certo que existem inúmeras explicações para o sucedido. Outras existirão para comprovar a incapacidade das organizações que trabalham no sistema desportivo em produzirem mais valia, diferenciarem-se e terem ‘jogo de cintura’ para os interesses não alinhados existentes, indo contra os tais valores ou competências softs que enquanto treinadores, vamos insistindo que as equipas e os elementos que as compõem, adquirem.

Somos tentados a concluir que as grandes equipas baseiam os seus princípios processuais e técnicos nos softskills. E que quer em jogo quer no nosso local de trabalho, complicamos em vez de facilitar. Destruímos em vez de construir. E que enquanto não comunicarmos de uma forma clara, concreta e concisa, tivermos a preocupação de compreender o outro, assumirmos a organização e a tarefa como nossa, trabalharmos em prol de um objectivo assumidamente global, muitos dos esforços são em vão, consumidos por obstáculos e adversários que nós próprios alimentamos.

7 comentários:

Rui Gomez disse...

Excelente observação! É a verdade das verdades.
Comentário à parte (ligado ao futebol!!!) da temática da inteligência colectiva: "Dá gosto ver e observar o Barcelona." O post anterior sobre Guardiola é muito bom!
Será que Pepe Guardiola tem consegui a receita? Acho que não. Simplesmente faz parte há muitos anos da mesma casa. A mesma que o fez um grande jogador. A mesma de José Mourinho e tantos outros (Luís Figo, etc).
Arrisco o seguinte comentário - porque não conheço o balneário catalão, nem Pepe Guardiola - "Guardiola incutiu no presente o que aprendeu e guardou há muito - a base do clube (objectivos comuns, alinhamento, técnicas base do futebol, cultura de campeão, etc)". Aqui está o exemplo do que representa a Pirâmide Desportiva.
PORTUGAL? Futuro longínquo (Infelizmente). Cabe-nos a nós, gestores desportivos mudar a "dura" realidade do Sistema Desportivo nacional.
Obrigado por este post Rui!
Abr

Anónimo disse...

Caro Rui

Considero o teu texto muito actual e muito interessante.

Abraço
Victor

Anónimo disse...

O blog, o lado do futebol que nunca viram está de volta a partir de 1 de Janeiro de 2010.

http://oladodofutebolquenuncaviram.blogspot.com/

Abraço

José Duarte Dias disse...

Concordo em absoluto com o Rui. Acrescentaria apenas um outro aspecto que me parece nuclear em qualquer equipa, construída em ambiente desportivo ou laboral: a identidade e o vínculo emocional dos seus membros a essa identidade. É esta dimensão identitária e a ligação emocional dos seus membros (jogadores ou trabalhadores) que é a base do desempenho sustentado das equipas de elevado rendimento. As regras, a disciplina e os processos de comunicação são as variáveis que o treinador / líder da equipa podem gerir para criar e desenvolver, de forma sustentada, essa identidade.

José Duarte Dias

Rui Lança disse...

Caro José Duarte Dias,

Concordo em absoluto com a questão da identidade e a ligação emocional à mesma. Seria...diria eu, mais um artigo para o blog.

A criação de uma identidade, os passos para a mesma, a visão da equipa, belas matérias.

A parte emocional, tanta vez desprezado e que o 'nosso' António Damásio tão bem explora.

Obrigado pelo comentário.

Rui Lança disse...

Rui Gomez,

Nós temos um pouco desta escola onde colaborámos, o 'amor à camisola' e não só, o bom senso como ferramenta essencial e valiosa.

É difícil ter alguém bom tecnicamente mas que não se expressa ou não coloca em prática esse know how. Como é...

Anónimo disse...

Li o texto sobre "inteligencia colectiva". Parabéns! gostei do assunto...

Um Abraço

VM