"Só por milagre o grande «clássico» de ontem no «Dragão» não suscitaria polémica, num esgrimir de argumentos tipo cada cor seu paladar, ora na procura do consolo gerado pela partilha de pontos, ora no lamento da pouca colheita conseguida.
Sobrando espaço mediático para a exaustiva descoberta das razões que levaram a um desenlace que, no plano teórico, trouxe, por certo, maior felicidade aos benfiquistas, creio, no entanto, que a lição mais competente - ou terá sido consciente? - teve a assinatura bem legível de Quique Flores. Não me refiro a questões tácticas, estratégicas, de leitura ou emendas feitas com oportunidade ou a destempo, à elaboração do «onze» ou às substituições que promoveu. Esses são aspectos de natureza mecânica do jogo, sempre passíveis de diferentes abordagens.
Não é disso que se trata. Onde Quique Flores esteve soberbo foi na análise que fez após o jogo, na serenidade com que o rebobinou, rejeitando com invejável lucidez e coragem a bengala das circunstâncias que originaram a grande penalidade que concedeu o golo do empate aos campeões. Não sei quantos treinadores em Portugal teriam recusado não se apoiar num provável erro de arbitragem para desatarem numa ladainha de lamentos, de justificações, de choraminguices. A mesma serenidade manifestada a quente, na «flash» televisiva, foi continuada na Conferência de Imprensa alguns minutos volvidos, portanto, já com tempo para se ter certificado da natureza do lance entre Yebda e Lisandro.
Do comportamento do treinador espanhol ressaltou o seguinte:
- a não necessidade de encontrar um qualquer refúgio para justificar o resultado;
- a preocupação em não lançar (mais) gasolina num terreno tão propício a incêndios como é o da arbitragem;
- a dispensa de quaisquer papagaios que pudessem explicar-se, sobretudo perante os adeptos.Bastas vezes, ao longo da época, tenho criticado Quique Flores, sempre com os tais aspectos mecânicos do jogo como pano de fundo.
Alheio a pressões ou a encenações, o treinador benfiquista estabeleceu um claro contraste com o «modus vivendi» do futebol português, onde as culpas pelos fracassos são sempre alheias e os méritos dos sucessos têm a nossa inconfundível chancela. Quando aparece alguém a contrariar o sistema é caso para festejar. Ontem, Quique Flores mereceu aplausos. Bravo!"
Eu acrescentava a excelente atitude de Lucho no lance com Reyes ao não se deitar como quase todos o fariam.
3 comentários:
Concordo!
Quique merece o óscar para o melhor orador
Mas... (há sempre um mas!) levava o bidon de ouro por meter o Di Maria! Perdemos um milhão por cada jogo dele :)
É verdade, percebe-se a pretensão do Quique qd joga só com jogadores rápidos e 'soltos', mas Di Maria não corresponde. Precisava de um...Lisandro, um Marlon ou Artur à moda antiga do Manuel José no Boavista!
Este tb sabe mt mas anda a pé.
Quando precisou no passado de agradar ao padrinho do norte sempre o fez. Agora tb lhe deu jeito a postura do Quique.
Concorde ou não com certas opções técnicas e táctics dele, a sua forma de estar e comunicar com a comunicação social demonstram que Portugal está milhas de distância de outros campeonatos. É só o reflexo da falta de cultura desportiva do nosso povo.
Em relação ao Di Maria nunca me convenceu. O talento técnico é apenas uma pequena parte de um jogador. Prefiro jogadores rápidos mas inteligentes.
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