Coach do Coach

Os melhores profissionais e as melhores equipas têm um denominador comum: serem peritos nas competências intra e inter que perfazem as relações interpessoais entre todos os objectivos, as ferramentas e os meios.


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Air

Catadupa de razões para consubstanciar a sua unicidade e só para enumerar as suas mais importantes conquistas: ao serviço dos Chicago Bulls, seis vezes campeão da NBA (o campeonato americano de basquetebol); cinco vezes eleito o melhor jogador da Liga; seis vezes escolhido como o melhor jogador em campo (MVP) das finais; dez vezes seleccionado para a equipa ideal do campeonato.

Números impressionantes, inultrapassáveis até, e que comprovam, de forma indelével, o sopro da autêntica diferença. Mas não só. Porque nem só de talento e de diferença inata vive um fenómeno.


Nunca desistir

Na primeira pessoa, eis o dedo numa ferida que pode ter sido, para além das características intrínsecas, a génese para a destrinça entre ele e os outros, meros humanos. “Sempre acreditei nisto: se deres tudo o que podes dar ao teu trabalho, os resultados acabam por aparecer, mais cedo ou mais tarde. Posso até aceitar o falhanço, o erro, mas o que eu não admito, nem posso admitir, é desistir antes de tentar. Só tentando saberemos se somos ou não capazes de fazer aquilo a que nos propomos. E depois de chegares ao topo, ao mais alto nível, então tens de ser altruísta. Não te isoles.”

E ele não se isolou.

Continuar a acreditar Jordan tentou. E tentou sempre. Mesmo quando todos não acreditavam que a bola ia entrar, ele tentava. E conseguia. Está-lhe no sangue arriscar e vencer. “Jamais deixei que alguma coisa ou alguém se intrometesse entre mim e a minha vontade inabalável de vencer.”

Nem o temor ou o receio de ser crucificado o detinham. Porque, muitas vezes, a glória e o fracasso – dois pólos aparentemente tão desconexos, tão diametralmente opostos entre si – na verdade estão próximos; bem juntos e apenas separados por uma linha muito ténue, fina, quase imperceptível.

“Errei vezes sem conta durante toda a minha vida. E foi isso que me fez chegar ao sucesso. Se quando fores a caminhar chocares contra uma parede, não dês a volta, não desistas. Tenta perceber de que forma é que podes trepá-la, deitá-la abaixo.” Foram paredes, muitas, as que Michael Jordan conseguiu derrubar ao longo da sua carreira desportiva.

Com o sonho a trepar-lhe pela alma

Para a vida “normal”, nasceu a 17 de Fevereiro de 1963, no famoso bairro de Brooklin, em Nova Iorque. Para o basquetebol – a sua outra vida, plena de sucesso – acabaria por nascer quinze anos depois.

Em história de ironia – muita – mas acima de tudo história que comprova que não é só de palavras que vive um Homem, Michael – com o sonho a trepar-lhe pela alma – resolve prestar provas na equipa de basquetebol da Laney High School, na Carolina do Norte. Pequeno e sem qualquer génio visível, é dispensado. Simplesmente não servia para aquela equipa. Mas o que para outros seria machadada sem redenção, para ele foi tónico de vitória, mote para um soneto de futuro que apagaria as fendas do passado. Dois anos volvidos, regressa à mesma escola. E convence.

Mais alto e mais habilidoso, fruto dos incansáveis treinos que deu a si mesmo, começa logo a dar nas vistas. O sucesso, afinal, era possível. E o que era defeito tornou-se a sua maior virtude. Estranho?

Sede de vencer

Nada é estranho para quem tem uma máxima, única, de vida (e de treino). E é o próprio que o define. “A minha atitude perante as coisas é esta: se me atirarem à cara algo que dizem ser a minha principal fraqueza, então eu vou transformar essa possível fraqueza na minha maior força. Algumas pessoas querem que aconteça, outras desejam que pudesse acontecer, mas outras – onde eu me incluo – fazem com que aconteça mesmo!” Simples e bem elucidativo.

E foi assim que, num piscar de olhos, Michael Jordan saltou para as selecções norte-americanas mais jovens e, daí, para o estrelato. No Verão de 1984 levaria, ao colo, a selecção olímpica do seu país (onde ainda não podiam entrar atletas da NBA), com espectacular média de 17 pontos por jogo. Salta de seguida para os Chicago Bulls, onde desde logo se tornou ídolo entre ídolos, até atingir o patamar supremo que os números comprovam.

A História jamais esquecerá Michael “Air” Jordan. “Sei que sou negro – e tenho orgulho nisso –, mas, acima de tudo, gostaria que toda a gente me visse como uma pessoa. Julgo que é isso o que todos esperamos que vejam em nós.”

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