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sábado, 14 de fevereiro de 2009

Benfica: Questão de personalidade, questão de táctica

Belo artigo este de Luis Freitas Lobo:

"As emoções do clássico já terminaram mas os seus efeitos permanecem. O debate em torno da luta pelo titulo partindo de FC Porto e Benfica estará, até ao último suspiro do campeonato, ligado ao duelo do Dragão. Não falo da questão do penalty. Debate que foge ao verdadeiro "jogo jogado". Falo do que as equipas "disseram" em campo e que pode, a nível táctico e mental, influenciar as próximas jornadas. E, entre essas dois factores, emergiu como principal destaque a afirmação de personalidade que, desde o primeiro minuto, o Benfica demonstrou na relva do Dragão.

Embora jogando com outros estímulos e desafios tácticos dos jogos anteriores (não teve necessidade de tentar ultrapassar defesas fechadas) realizou um jogo defensivamente seguro, equilibrado em campo., com os elos de ligação entre as diversas linhas ao longo do relvado muito mais próximas do que é habitual na filosofia de jogo de Quique. Foi, nesse sentido, um jogo diferente. Por isso, como "transfer" para os próximos jogos, o Benfica ganhou, claramente, maior personalidade.

A equipa (os jogadores) sentem-se mais importantes. Falta, agora a afirmação táctica. Porque o Benfica dos próximos jogos (como contra o Paços de Ferreira, próximo adversário) terá de ser muito diferente do Dragão. Não na personalidade, mas na táctica. Mais do que jogar de forma diferente, conseguir atacar de forma diferente, pensando neste conceito "atacar" não só na movimentação dos avançados, mas de toda a equipa, meio-campo incluído, no processo de construção de jogo defesa-ataque desde o momento de recuperação da bola.

Mais do que impulsos individuais, crescer na dinâmica de equilíbrios colectivos. Sem tremer, o jogo do Dragão, confirmou que o Benfica é a equipa (dos três "grandes") aquela que tinha (e continua a ter) maior margem de crescimento na construção do seu "jogar". O crescimento mental, com a personalidade de grande equipa, foi uma "vitória" importante.

É uma base emocional incontornável sobre a qual Quique deve agora construir também outra afirmação táctica. Conseguir circular melhor a bola perante adversários fechados, juntando mais o meio-campo na recuperação-organização e dando presença criativa aos movimentos à entrada da área contrária.
O crescimento de Aimar, como a maior liberdade de Katsouranois, entram nessa equação. No plano dos desiquilibrios, entra o factor-Reyes. Perceber como estimular a qualidade de jogo deste jogador parece ser, prioritariamente, também uma questão de afirmação de personalidade.

Qualquer equipa é construída nesses dois planos. Personalidade e táctica. Duas formas de se afirmar em campo. O Benfica do Dragão impôs-se claramente no primeiro factor. O desafio de Quique continua no segundo. É, no entanto, um desafio cruzado com os outros candidatos, onde a personalidade e a táctica também são dilemas que pairam como nuvens cinzentas sobre a cabeça de Jesualdo e Paulo Bento.

A próxima jornada, antes de mais um clássico, poderá "falar" muito sobre as três equipas nestes diferentes pontos. Mora na Luz, porém, a maior estrada de crescimento como equipa.

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