Fala-se muito de liderança e de líderes. Abordam-se e distinguem-se os estilos de liderança, quais os melhores contextos e características de cada estilo. O que proporciona um bom ambiente, o que é considerado um obstáculo, as questões da liderança ser natural ou podermos a treinar.
Do que se fala e escreve pouco é sobre a capacidade de sermos liderados e aprendermos a ser liderados. De aceitarmos que alguém nos lidere e nos deixe 'guiar' por poucos ou muitos momentos durante desafios profissionais e não só. Da confiança e sintonia que precisamos de sentir por alguém a quem chamamos chefe, líder, etc.
A criação da identidade num grupo, equipa ou organização tem diversas etapas, entre elas a da contra-dependência em que 'lutamos' pela conquista de um espaço com maior ou menor notoriedade ou visibilidade, mas que vá ao encontro do que consideramos ser o 'nosso' espaço. Também estas competências de definir o seu espaço e perceber que tipo de 'jogador' seremos na nossa equipa devia ser alvo de formação.
Não basta apostar na formação para todos sermos líderes. É preciso que os 'não líderes' nas equipas ou organizações - em larga maioria - assumam, aprendam e consintam o ser liderado. Não interessam os investimentos em liderança se não se investir também nos valores de uma equipa ou organização em aceitar saber ser liderado.
Também aqui é necessário que uma visão e missão global se superiorizem aos desejos e objectivos individuais, numa soma total que perfaz um grupo, equipa ou organização.
Em grupos onde todos querem ser líderes ou sejam constituídos por elementos que não aceitem ser liderados por outros, dificilmente a fase do 'forming' é ultrapassada com sucesso. Sabermos como se lidera não é o mesmo que descobrir o que interessa a um liderado. Existe uma decalage que pode atingir proporções elevadas e destruir qualquer visão ou missão que não atinja o compromisso do total ou a grande maioria dos elementos e partes constituintes da organização. Seja ela de que dimensão for.
2 comentários:
Grande Coach! Excelente abordagem!
Caro Rui,
Colocas uma questão que é pertinente e fundamental em qualquer processo de liderança. Para quê os cursos de liderança se os liderados não sabem como ser liderados? Uma equipa que percorra todas as fases (forming, storming, norming e perfoming) será que ao atingir o sucesso, a razão se deve a que:"basta ter um bom líder?". E os liderados não são tão importantes e decisivos no processo quanto o líder? Actualmente, com as questões de emprego e progressões na carreira, qualquer quadro de empresa anseia ser líder, almeja assumir mais responsabilidade no cargo que desempenha, ambiciona vingar na equipa de trabalho para atingir o sucesso. Mas a realidade é que nem todos são líderes naturais e, mesmo esses, nem todos terão a atitude comportamental certa para agregar a equipa em objectivos comuns. Então temos que, numa equipa a liderança tem que ser reconhecida pelos jogadores, sendo uma liderança única e partilhada por todos. Se o líder souber liderar o “liderado”, e se o “liderado” reconhecer no líder valor de competência, exemplo, modelo e razão para atingir o sucesso… temos um processo de liderança a funcionar, e mais importante, uma equipa a trabalhar objectivos comuns.
São poucos estes exemplos em Portugal, mas há bons exemplos de excelentes líderes e excelentes liderados. Portugal, mais uma vez atrás na educação de valores! Exemplos de escolas de valores: Escuteiros, Grupo de Jovens, Clubes Juvenis, Clubes Formação Desportiva, etc.
Li numa revista há uns tempos atrás: “Portugal precisa de jovens empresários que importem ou criem negócios de sucesso para o país, que formem equipas de sucesso! Não são patrões ou “donos” de empresas que necessitamos – desses há muitos e infelizmente maus exemplos na gestão da empresa e respectivos recursos humanos!
Líderes, onde estão?
Termino com o seguinte pensamento: “Formação para LIDERADOS, precisa-se!”
Obrigado Rui,
Concordo em muito contigo!
Grande abraço,
rl
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