Coach do Coach

Os melhores profissionais e as melhores equipas têm um denominador comum: serem peritos nas competências intra e inter que perfazem as relações interpessoais entre todos os objectivos, as ferramentas e os meios.


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Quando um treinador recebe menos que um jogador

Soube por fonte segura (termo dúbio em Portugal) que Carlos Carvalhal (CC) ia ter como vencimento mensal 13 000 € por treinar o Sporting. Esperei que saísse nos jornais (que afirmaram esse mesmo valor) e decidi escrever esta crónica.

Utilizo o exemplo de Carvalhal como podia utilizar o de JJ ou Jesualdo Ferreira, embora destes eu não saiba correctamente o vencimento mensal, enquanto o de CC parecem ser mesmos os treze mil com mais algumas hipóteses de prémios. Lembro-me bem dos primeiros treinadores da modernidade que fizeram um cavalo de batalha o facto de não aceitarem ganhar menos que qualquer jogador do plantel.

Hoje é irreal esta ideia, tirando um ou outro caso. Lembro-me de Crujft no Barcelona ou até de Artur Jorge no Paris SG discursarem sobre esta tese. Não havia hipótese de um líder ser aceite ganhando menos que um seu jogador. Discutível, eu sei, mas são teses aplicadas. Hoje, existe uma decalage enorne em alguns clubes, desde das distritais até aos colossos mundias.

Pedir que Pelligrini ganhe mais que Ronaldo, Káká ou Raúl é impensável em termos ecnómicos quase. Abriria uma grande excepção. CC aceita receber quase que um décimo de jogadores como Moutinho ou Liedson. Provavelmente JJ ganha muito menos que quase todos os jogadores do Benfica enquanto JF deve ficar muito aquém de jogadores como Bruno Alves, C. Rodriguez ou Hulk.

Duas questões se levantam...uma, que é certa, é a aceitação por parte do treinador ganhar menos que a maioria das pessoas que comanda. Outra é a visão que o jogador tem de alguém que ganha um décimo ou metade do que o treinador ganha.

Nos tempos actuais, não são só os jogadores que se sujeitam a muitas coisas, treinadores a aceitar ganhar 13 000 € para treinar um grande é estranho, principalmente porque apresenta mais credenciais que outro candidato que recusou, e recusou, pelo que sabemos, um vencimento mais alto.

5 comentários:

Tiago Viana disse...

Muito pertinente esta questão.
Nalgumas ligas profissionais há um salário mínimo obrigatório. Em Portugal isso era impensável tal é a discrepância de orçamentos de um clube para outro.
Agora uma coisa é certa, o Sporting pagando este ordenado a um treinador só pode ser visto por ele como uma rampa de lançamento para um clube que lhe pague mais.
Já o disse num post anterior, CC depois de trabalhar no Sporting sobe um patamar no escalão de treinador. Será visto doutra forma e exigirá um ordenado superior aos anteriores. Convém que tenha algum sucesso.

Anónimo disse...

Sim, mas parece-me que o treinador em Portugal ainda pode ser visto como a matéria prima barata, até porque inexplicavalmente...temos tido muitos e bons.

Dennis Bergkamp disse...

Post interessante.

Sei que há uma tabela, do minimo que um treinador tem de ganhar.

Na 1ª liga é algo como 4x o salário minimo para o treinador principal, ou algo assim semelhante.. há uma formula qualquer sobre isso.

Como é que se gere em termos de grupo uma situação destas?

Será que o vencimento é sinónimo de estatuto no grupo?

Como é que se processa a liderança nestes casos? não só no que diz respeito ao treinador, mas também aos lideres da equipa ( capitão e sub-capitão ) ?

Tema interessante que merecia ser estudado com mais pormenor.

Rui Lança disse...

Perguntas interessantes que irei abordar noutro post com uma visão de 'liderança'.

Rui Gomez disse...

Post muito pertinente!
Concordo com as questões levantadas pelo Bruno Pereira.
Espero pela abordagem deste tema no futuro post sobre liderança!
Tens pano para mangas, costas, pernas... eheheheh
Até já!!!