Soube por fonte segura (termo dúbio em Portugal) que Carlos Carvalhal (CC) ia ter como vencimento mensal 13 000 € por treinar o Sporting. Esperei que saísse nos jornais (que afirmaram esse mesmo valor) e decidi escrever esta crónica.
Utilizo o exemplo de Carvalhal como podia utilizar o de JJ ou Jesualdo Ferreira, embora destes eu não saiba correctamente o vencimento mensal, enquanto o de CC parecem ser mesmos os treze mil com mais algumas hipóteses de prémios. Lembro-me bem dos primeiros treinadores da modernidade que fizeram um cavalo de batalha o facto de não aceitarem ganhar menos que qualquer jogador do plantel.
Hoje é irreal esta ideia, tirando um ou outro caso. Lembro-me de Crujft no Barcelona ou até de Artur Jorge no Paris SG discursarem sobre esta tese. Não havia hipótese de um líder ser aceite ganhando menos que um seu jogador. Discutível, eu sei, mas são teses aplicadas. Hoje, existe uma decalage enorne em alguns clubes, desde das distritais até aos colossos mundias.
Pedir que Pelligrini ganhe mais que Ronaldo, Káká ou Raúl é impensável em termos ecnómicos quase. Abriria uma grande excepção. CC aceita receber quase que um décimo de jogadores como Moutinho ou Liedson. Provavelmente JJ ganha muito menos que quase todos os jogadores do Benfica enquanto JF deve ficar muito aquém de jogadores como Bruno Alves, C. Rodriguez ou Hulk.
Duas questões se levantam...uma, que é certa, é a aceitação por parte do treinador ganhar menos que a maioria das pessoas que comanda. Outra é a visão que o jogador tem de alguém que ganha um décimo ou metade do que o treinador ganha.
Nos tempos actuais, não são só os jogadores que se sujeitam a muitas coisas, treinadores a aceitar ganhar 13 000 € para treinar um grande é estranho, principalmente porque apresenta mais credenciais que outro candidato que recusou, e recusou, pelo que sabemos, um vencimento mais alto.