Não é de agora, mas aproveitando o Campeonato do Mundo de Futebol, mais visível aos ‘nossos’ olhos, vários comentários são proferidos relativamente à diferença de rendimento de alguns jogadores dos clubes para as selecções.
Nos últimos anos habituámo-nos a observar alguns jogadores que jogavam melhor na Selecção Nacional de Futebol do que no seu clube. Lembro-me de um ou dois, com Maniche à cabeça. Claramente um jogador que com Scolari subia de rendimento, principalmente após a saída do Porto, quando a sua carreira nos clubes assumiu quase sempre uma recaída ao nível das suas exibições.
A grande maioria dos jogadores tem uma recaída quando chegam às selecções. E eu digo “Ainda bem!”. Porquê? Porque valoriza o papel do treinador e dos processos de treino, team cognition, building, etc. Qual treinador e processos? Clubes, claro está!
Se um jogador chegar à selecção, após dezenas e centenas de treinos a proceder de forma x e chegar à Selecção e for indiferente a posição onde irá jogar, algo poderá estar errado, mesmo quando falamos de um Messi ou um Ronaldo. Porquê? Porque nos clubes o treinador dedica-se a definir algo que na sua concepção, é o melhor processo de grupo para o conjunto de jogadores que compõem a sua equipa. Na Selecção será igual, mas o tempo de adaptação é muito menor e isso ser ainda mais visível quando os atletas se juntam dois ou três dias antes dos jogos.
Daí algumas das melhores Selecções e seleccionadores optarem, quando possível, por ‘esqueletos’ e sectores de alguns clubes. Meio-campo constituído por jogadores do Porto no Euro 2004, Itália que ‘abusava’ da ‘espinha-dorsal’ durante alguns anos do AC Milan, Espanha a utilizar o meio-campo catalão, etc.
Afirmo que é positivo este trabalho. Se por um lado, as selecções por vezes atingem um potencial individual melhor e poderá de alguma forma diluir estas dificuldades, de outras formas, a Selecção ter de passar em pouco tempo da fase de formação para a fase de normalização, sem dar espaço a conflitos posicionais. Sim, conflitos, testes, análises, etc.
4 comentários:
Excelente análise.
Eu acrescentaria que o desenvolvimento da selecção espanhola está associada ao desenvolvimento do Barcelona, neste caso quase só com espenhóis na sua formação. Se se confirmar a contracção do Fabregas e com o David Villa, o Barça é quase a selecção.
Sim...mas vamos ver o que acontece a esta Espanha. Pois também sofrerá pelo desgaste de uma época como a que teve o Barça!
Gostaria de lhe dizer Rui, que a questão que coloca não é assim tão simples...Por sinal já passei por essas experiências de treinar clube e depois selecções ( a outro nível claro). De forma ligeira posso-lhe garantir que mais do que escolher "blocos" deste ou daquele clube,o importante é escolher jogadores de qualidade técnica e humana; jogadores com personalidade adaptada a mudanças rápidas de envolvimento; e sobretudo, a capacidade do novo líder de selecção saber rentabilizar todo o potencial emocional do pouco tempo de que dispõe com o grupo...Neste exemplo actual acho que o Queiroz perde aos pontos relativamente ao Scolari. O Queiroz perde-se com algumas vedetas dele próprio e não consegue envolver emocionalmente toda a equipa.
JL
Sim, sem dúvida que isso tem influência. Repara que há selecções cujos jogadores base não jogam na Europa (campeonatos que acabaram agora) que estão mais frescas.
Mas isso não é tudo. A filosofia de jogo, a definição dos papéis dentro da equipa e expectativas é essencial. O nosso seleccionador, n obstante a competência técnica, tem nitidamente um ego demasiado grande que o leva a perder-se em questões laterais e um défice comunicacional para fora e dentro da equipa.
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