Coach do Coach

Os melhores profissionais e as melhores equipas têm um denominador comum: serem peritos nas competências intra e inter que perfazem as relações interpessoais entre todos os objectivos, as ferramentas e os meios.


quinta-feira, 17 de junho de 2010

A diferença de jogar no clube e na selecção! A diferença de estar numa equipa e num grupo!

Não é de agora, mas aproveitando o Campeonato do Mundo de Futebol, mais visível aos ‘nossos’ olhos, vários comentários são proferidos relativamente à diferença de rendimento de alguns jogadores dos clubes para as selecções.

Nos últimos anos habituámo-nos a observar alguns jogadores que jogavam melhor na Selecção Nacional de Futebol do que no seu clube. Lembro-me de um ou dois, com Maniche à cabeça. Claramente um jogador que com Scolari subia de rendimento, principalmente após a saída do Porto, quando a sua carreira nos clubes assumiu quase sempre uma recaída ao nível das suas exibições.
A grande maioria dos jogadores tem uma recaída quando chegam às selecções. E eu digo “Ainda bem!”. Porquê? Porque valoriza o papel do treinador e dos processos de treino, team cognition, building, etc. Qual treinador e processos? Clubes, claro está!

Se um jogador chegar à selecção, após dezenas e centenas de treinos a proceder de forma x e chegar à Selecção e for indiferente a posição onde irá jogar, algo poderá estar errado, mesmo quando falamos de um Messi ou um Ronaldo. Porquê? Porque nos clubes o treinador dedica-se a definir algo que na sua concepção, é o melhor processo de grupo para o conjunto de jogadores que compõem a sua equipa. Na Selecção será igual, mas o tempo de adaptação é muito menor e isso ser ainda mais visível quando os atletas se juntam dois ou três dias antes dos jogos.

Daí algumas das melhores Selecções e seleccionadores optarem, quando possível, por ‘esqueletos’ e sectores de alguns clubes. Meio-campo constituído por jogadores do Porto no Euro 2004, Itália que ‘abusava’ da ‘espinha-dorsal’ durante alguns anos do AC Milan, Espanha a utilizar o meio-campo catalão, etc.

Afirmo que é positivo este trabalho. Se por um lado, as selecções por vezes atingem um potencial individual melhor e poderá de alguma forma diluir estas dificuldades, de outras formas, a Selecção ter de passar em pouco tempo da fase de formação para a fase de normalização, sem dar espaço a conflitos posicionais. Sim, conflitos, testes, análises, etc.

4 comentários:

Tiago Viana disse...

Excelente análise.
Eu acrescentaria que o desenvolvimento da selecção espanhola está associada ao desenvolvimento do Barcelona, neste caso quase só com espenhóis na sua formação. Se se confirmar a contracção do Fabregas e com o David Villa, o Barça é quase a selecção.

Rui Lança disse...

Sim...mas vamos ver o que acontece a esta Espanha. Pois também sofrerá pelo desgaste de uma época como a que teve o Barça!

Anónimo disse...

Gostaria de lhe dizer Rui, que a questão que coloca não é assim tão simples...Por sinal já passei por essas experiências de treinar clube e depois selecções ( a outro nível claro). De forma ligeira posso-lhe garantir que mais do que escolher "blocos" deste ou daquele clube,o importante é escolher jogadores de qualidade técnica e humana; jogadores com personalidade adaptada a mudanças rápidas de envolvimento; e sobretudo, a capacidade do novo líder de selecção saber rentabilizar todo o potencial emocional do pouco tempo de que dispõe com o grupo...Neste exemplo actual acho que o Queiroz perde aos pontos relativamente ao Scolari. O Queiroz perde-se com algumas vedetas dele próprio e não consegue envolver emocionalmente toda a equipa.

JL

Tiago Viana disse...

Sim, sem dúvida que isso tem influência. Repara que há selecções cujos jogadores base não jogam na Europa (campeonatos que acabaram agora) que estão mais frescas.
Mas isso não é tudo. A filosofia de jogo, a definição dos papéis dentro da equipa e expectativas é essencial. O nosso seleccionador, n obstante a competência técnica, tem nitidamente um ego demasiado grande que o leva a perder-se em questões laterais e um défice comunicacional para fora e dentro da equipa.