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Os melhores profissionais e as melhores equipas têm um denominador comum: serem peritos nas competências intra e inter que perfazem as relações interpessoais entre todos os objectivos, as ferramentas e os meios.


terça-feira, 28 de maio de 2013

Artigo no Record - A dinâmica mental da equipa de Futebol do Benfica

Mais um artigo no Record, desta vez, uma análise à dinâmica comportamental da equipa de futebol do Benfica. Aqui vai!

http://www.record.xl.pt/opiniao/artigos/interior.aspx?content_id=824364#CommentsArea

As equipas desportivas produzem muito mais do que resultados desportivos ou classificativos. Produzem informação fruto das dinâmicas que apresentam e que perfazem a sua identidade colectiva. Complexa e diferente da soma das identidades individuais dos seus atletas ou treinador.

A equipa de futebol do Benfica é sem dúvida um excelente caso de estudo. Uma equipa que apresentou uma dinâmica de jogo durante uma grande parte da época com bastante qualidade, mas que fisicamente começou a denotar mais uma vez insuficiências que impediram que mantivesse a dinâmica de jogo habitual.

Talvez aquilo que mais surpreendeu quem não esteve atento aos sinais implícitos da equipa benfiquista, foram os sinais comportamentais e da dinâmica de grupo que a equipa apresentou. Uma derrota, por mais importante que seja, não causa o impacto que causou a uma equipa que estivesse estável nos vários pilares que perfazem uma dinâmica de grupo forte e equilibrada.

Uma equipa durante o planeamento da época, nos jogos e nas competições apresenta dezenas de processos comportamentais. Desde da inclusão de novos atletas ou dirigentes, do alinhamento de todos, responsabilização, compromisso coletivo, organização, comunicação, motivação, definição de tarefas e objetivos individuais e coletivos, etc. São vários os processos que é possível aferir durante um jogo e que contribuem em muito para o resultado do jogo ou da competição.

Onde foi mais visível observar estas ações nada estáveis no plantel benfiquista foi na final da Taça de Portugal. Um somatório de imensos erros. Que nos transmitiu que algumas falhas podem já fazer parte do modo comportamental do grupo de trabalho, atletas e equipa técnica incluída, independentemente do cansaço ir naturalmente desaparecer.

Tratam-se dos direitos “adquiridos” que a equipa assume quanto aos acontecimentos estarem já pré-definidos na sua mente. Na sua identidade comportamental como um todo. Sem querer colocar em causa a qualidade dos elementos que compõem a equipa técnica, existem alguns sinais importantes para o futuro se o casamento perdurar:

- Falta de estabilidade emocional adquirida e profunda, que não é curada com o tempo, mas sim com a alteração de alguns elementos que compõem a identidade da equipa;

- Medir exatamente o impacto da possível saída ou manutenção um a um na equipa;

- Uma higiene mental que está deturpada em função de uma ideia pré-fixa dos acontecimentos futuros;

- Uma liderança que foi colocada em causa e que apenas poderá ser recuperada em função de resultados, não em jogos, mas sim com vitórias nas competições. E a que poderá ser conquistada mais a curto prazo deverá ser em Março ou Abril de 2014. Faltam ainda nove meses…

2 comentários:

RF disse...

Lembro-me do Mourinho dizer após uma derrota aos seus jogadores para levantarem a cabeça. E vi o Jorge Jesus a ajoelhar-se impotente no Dragão e a quase chorar na final da Taça de Portugal. Não basta ser-se catedrático da táctica. Há que ser também o homem do leme e o farol para os jogadores quando as coisas correm mal.

Rui Lança disse...

Bem lembrado. A diferença - uma delas - é que Mourinho pensa muito e é estratega também nisso. JJ só pensa em futebol. Como dizia Manuel Sérgio...para se ser treinador de futebol tens de perceber mais do que 'apenas' futebol.