Coach do Coach

Os melhores profissionais e as melhores equipas têm um denominador comum: serem peritos nas competências intra e inter que perfazem as relações interpessoais entre todos os objectivos, as ferramentas e os meios.


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O clima e as equipas

Dizem (e se me recordo das aulas de Geografia do 8.º ano) que para se conhecer ou definir o clima de determinado local ou região seriam precisos 30 anos. Não sei se com as alterações climatéricas, frio ou calor, ainda continuam nos 30 anos.

Com as equipas de trabalho ou desportivas não é preciso tanto tempo. Mas qual o tempo necessário para se conseguir definir uma equipa em termos de identidade? Considerando que a identidade de uma equipa não pode ser constantemente alterada quando entra e/ou sai um novo elemento, mas é o equilíbrio de todo um conjunto de pessoas, atletas, técnicos, etc.

Como se mede e quanto tempo é preciso para sabermos que aquele conjunto de elementos a que chamamos equipa, tem uma dinâmica imbuída que não sofre alterações oscilantes com a entrada de um novo ou de novos elementos? E o que terão de manter esses elementos? Apenas alinhamento?

Nas equipas de alta perfomance, sejam elas desportivas ou não, essas dinâmicas são mais visíveis. Quer pela existência quer pela sua não existência face a desafios de alta complexidade.

Como em tudo, há um 8 e 80, que se passa com alguma velocidade, mais do que a desejável. Parece por vezes que as equipas estão num nível de sustentabilidade técnico e operacional que independentemente do treinador, líder, coach ou elementos/atletas elas conseguem atingir e manter um nível mínimo mas sempre de qualidade acima da média. Como diria J. Collins de "Excelente a Líder", seja quem dê à corda, é preciso é que os ponteiros do relógio estejam sempre a andar.

Ao nível desportivo, talvez pelos embates constantes, impactos visíveis através de um resultado visível e outro menos visível, as equipas quando em competição demonstram uma identidade que pode ser mensurável em alguns campos.

Quais? Diria que ao nível do grau de eficiência da inteligência colectiva, comunicação, rapidez de processos, alinhamento, objectivos comuns e acima de tudo, responsabilização/competência/justiça!

Ainda dentro das equipas desportivas, todos nos recordamos de recentes e excelentes equipas que durante um timing tiveram uma identidade própria que mesmo alternando algumas peças, com ou sem o mesmo treinador/líder, ganhavam as suas competições: a que facilmente me salta são os Chicago Bulls, liderados sempre pelo Phil Jackson e Michael Jordan (Scott Pippen...será sempre a sua sombra). No Futebol assisti em tempos a um AC Milan, Man. United, Barcelona, etc.

Ultimamente nem sei, mas feliz ou infelizmente, até as equipas estão sujeitas a enormes transformações que fazem com que a competição feroz coloque à prova a identidade das equipas de forma constante.

6 comentários:

MBUintelligence disse...

Parabéns Rui por mais este excelente artigo. Keep writting, please.

Abr
Ricardo Andorinho

Rui Lança disse...

Obrigado pelo feedback! Quando passar o calor...o nosso clima será ainda melhor e faremos bons projectos :)

Abraço,

rl

Dennis Bergkamp disse...

Boas!

Ao ler o post lembrei-me logo das aulas de Psicologia do desporto sobre a formação de grupos e tal.

Decerto sabes do que estou a falar.

O conhecimento entre os elementos do grupo, aquela fase de hierarquização em que procuram encontrar o seu espaço, a aceitação dos papeis e normalização e finalmente a fase de rendimento.. até que alguém entra, ou sai, ou ocorre algum fenómeno que vai alterar o sistema.

O tempo que estavas a procura... é aquele que não é facil de encontrar, em quanto tempo chegamos a fase de rendimento?

Será que tem a ver com o lider do processo? claro que sim, mas... deve haver imensos factores a volta disto tudo que devem ser relevantes.

Tema super interessante! Mais uma vez, grande post.

Rui Lança disse...

Obrigado! Sim, vem um pouco daí, mas quando se começa a aprofundar descobrimos coisas muito interessantes.

É de facto uma temática com muita investigação por se fazer.

Gaspar disse...

Grande post Rui!
Faz-me lembrar muita coisa, em campos bem distintos.

Questão: Rendimento vs Paciência/Preseverança?

Será que há tempo, para se optimizarem equipas em maior parte dos projectos tal como os conhecemos hoje?

Olhando para os exemplos que deste, parece-me que em todos houve uma planificação, uma projecção a longo prazo, com determinado intuito...

Não era muito grande, e a NBA começava há pouco tempo a entrar na nossa televisão, os Bulls ainda não tinham ganho nada, mas já havia ali uma linha, uma consciência... que independentemente dos resultados imediatos, traduziam confiança e carisma, rumo ao que viriam a ser os Bulls durante uma década. Dava claramente a ideia de não haver pressa em chegar aos títulos, que seria uma coisa natural.

Hoje, em Portugal, vejo poucos projectos assim. Talvez os casos do Rugby e do Triatlo sejam os mais consistentes, os mais pensados e independentes da critica e pressão social. Será? ou será que se aguentam?

Vamos ver.
Abraço

Rui Lança disse...

É verdade Fernando, grandes verdades.

Vamos ver se a nossa 'equipa' também irá superar o tempo, mas não o do clima...