Existe formalmente uma técnica de divagação. Diria melhor, pelo menos uma.
“Técnica da divagação
Deixar a sua mente divagar pode ser muito útil. Esta técnica tem quatro fases: a divagação propriamente dita, em que cada membro do grupo tenta visualizar mentalmente imagens relacionadas com o tema; a criação de analogias entre as imagens visualizadas e o problema em causa; a avaliação das analogias, identificando as suas aplicações práticas para criar soluções para o problema; a partilha das conclusões com o grupo.”
No nosso país existe uma cultura de divagação, especialmente em alguns campos operacionais. Tivemos oportunidade de assistir durante uns meses a uma divagação profunda de vários agentes desportivos relativamente ao Campeonato Mundial de Futebol e ao que a selecção nacional pretendia fazer a África do Sul.
Mesmo após o término da campanha quer da selecção quer do próprio Mundial, continuámos a divagar. Perante o contexto social que Portugal se encontra, foi com alguma perplexidade que fomos confrontados com dois tipos de avaliação da nossa participação:
- Umas vezes a selecção nacional tinha alcançado os objectivos mínimos no Mundial;
- Outras vezes não!
Estas duas avaliações rigorosas serviram acima de tudo para dia sim, dia não, irem justificando as razões e fundamentações da prestação do grupo de trabalho, que vão desde da estrutura técnica, administrativa, logística, atletas, etc.
A avaliação continuou quando se soube dos prémios que o seleccionador nacional e os atletas tiveram direito após a participação no Campeonato. Que a participação da Federação Portuguesa de Futebol deu prejuízo, mesmo sabendo que a selecção nacional tinha tido uma equipa técnica constituída por um número acima da média, profissionais altamente remunerados, com alguns episódios mal contados, desde do início…e sabemos que mais cedo ou mais tarde, mais alguns aparecerão.
A divagação continuará quando nos questionarmos se e quanto dinheiro público servirá para suportar estas despesas. E mesmo que não seja directamente para este projecto, permitirá a aplicação noutros projectos e concentração de verbas para o Mundial.
A divagação continuará quando nos focamos sobre o processo e não apenas no resultado (que já sabemos que uns dias foi bom, noutros mau e alguns dias assim-assim). Desde do processo de liderança mais que ausente de alguns responsáveis, que se refugiaram, até à desresponsabilização completa, ao desalinhamento de discursos, continuamos a não perceber quais eram os resultados esperados, objectivos de participação e a possibilitar divagar sem limites. Aí, reutilizo a primeira frase “Deixar a sua mente divagar pode ser muito útil”. Pois pode…
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