Coach do Coach

Os melhores profissionais e as melhores equipas têm um denominador comum: serem peritos nas competências intra e inter que perfazem as relações interpessoais entre todos os objectivos, as ferramentas e os meios.


quinta-feira, 19 de junho de 2014

Todos temos direito a uma opinião sobre a nossa selecção

A minha crónica no SAPO Desporto sobre este (enorme e demasiado) burburinho sobre a nossa selecção. Neste hábito de levarmos tudo a 8 ou a 80. E no hábito de culpar os outros sobre os nossos desempenhos.

http://desporto.sapo.pt/opiniao/rui_lanca/artigo/2014/06/18/ainda-poss-vel-claro-que-sim-mas

Se realizássemos dez jogos contra a Alemanha actualmente, quantos ganharíamos? Um? Nenhum? Esta afirmação impede que eu desejasse muito que a selecção vencesse o jogo? Claro que não. Desempenho, não ter competências, olhar para os atletas de forma complementar traz-nos algumas conclusões: actualmente a selecção de Portugal está alguns furos abaixo de selecções como a alemã.

Resume-se tudo à qualidade individual? Não. E à colectiva? Também não. Então vamos por partes. Observamos o jogo e conseguimos dividi-lo – pelo menos – em quatro pilares: táctico, técnico, físico e comportamental. E eles estão todos interligados. E nestes quatro pilares estivemos piores ou menos eficientes que os alemães. Menos soluções para todos os lugares e piores soluções no geral. Não chegámos bem fisicamente e percebe-se agora que a preparação e a adaptação ao clima foram curtas. Agregando a isto, naturalmente a parte mental e emocional foi-se desvanecendo. Mais uns do que outros, o foco e a preparação para este grau de dificuldade não foram devidamente preparados.

O que fazer com isto? Tirar as devidas ilações por que ainda é possível. Antes do Mundial começar, o nosso foco deveria ser de forma exequível os oitavos-de-final. E ainda estão ao nosso alcance. Sempre o tiveram. Não podemos comportar-nos como o fizemos contra a Alemanha. É verdade, mas houve claramente muitas reacções que apenas aconteceram porque nos foram ‘manipuladas’ pela estrutura e sistema alemão. Há que reconhecer o mérito deles. E é esta penúltima frase que é importante os atletas portugueses demonstrarem que está correcta.

Dar a volta. Como? O alinhamento tem de ser mais colectivo e mais exequível. Escrevi aqui que a existência de um Ronaldo é claramente favorável a Portugal. Todas as selecções quereriam ter um Ronaldo. Mas a sua dependência é claramente negativa. E não há um trabalho para que a tomada de decisão seja autónoma e não dependente sempre de passar a bola ao colega Ronaldo.

E as lesões, o que fazer com elas? Este tipo de contrariedades traz duas consequências: mais união e coesão; e mais dificuldades do ponto de vista estrutural. Mas se for bem gerida, o grupo tenderá a ficar mais forte enquanto a figura grupal. E nesta altura, é essencial este primeiro ponto, mais do que a predisposição para jogar. Rui Patrício é uma figura importante na selecção pela longevidade que já demonstra e pelo espaço que ganhou. Em termos técnicos, mais do que emocionais, Beto ou Eduardo podem substitui-lo. Pepe é um excelente jogador, mas mau atleta. É rápido, possante, evoluído posicionalmente…mas perde muito naquilo que o faria ser um excelente atleta. Coentrão o mais difícil de substituir. Hugo Almeida menos difícil. O que interessa é a predisposição, atitude e comportamento. E aí, o que entrar tem de ir com esse compromisso. Mais do que tudo.

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