Estava a ler um artigo e saltou-me esta questão. Tantas vezes discutida por mim com outros colegas, com alunos, treinadores e formadores: que base deve estar na formação da liderança...ainda em crianças, jovens, adultos, etc?
Eu apostaria nos softskills, embora seja uma resposta vaga. Dependeria do contexto, idade, objectivos e com quem iria trabalhar. Mas de uma forma mais específica focar-me-ia nas seguintes áreas que vou julgando cada vez mais essenciais para a liderança, para o líder e os liderados:
- Escuta activa, muita empatia, recolha de sinais;
- Predisposição para a causa;
- Colectivo, espírito de trabalhar em equipa e partilha cognitiva;
- Flexibilidade contextual.
Áreas que devem ser trabalhadas o quanto mais cedo melhor. Quer através de experiências sociais, no desporto, nas actividades escolares e extra-escolares.
Para as chefias, líderes, coordenadores, treinadores, etc...é sempre possível treinar e aperfeiçoar estes quatro campos:
. Ouvir e recolher sinais dos sinais emitidos pelos outros;
. Dedicação e colocar o outro se não à frente, ao mesmo nível;
. Aprender que a equipa não funciona para tudo, mas em equipa e partilhando conhecimento e experiências, é mais fácil;
. E por último, saber estar e ser em diversos contextos dá uma grande vantagem de abordagem e perspicácia.
19 comentários:
Muito bom, como sempre!
Assumindo o risco de estar a ser muito emotiva, eu acredito que a liderança só é sustentada em indivíduos com uma ética irrepreensível. Na base, 1) infância: sentir que se é amado pelas figuras parentais; ser estimulado a correr, saltar, riscar...; ser estimulado a ser autónomo; ouvir histórias, contar histórias; frequentar escolas em que a criança é respeitada; ter gosto por partilhar; 2) adolescência: consciência do seu corpo; deixar sair as dores que nos ajudam a crescer; ter gosto pela pertença a grupos; inundar a alma de valores; ler excelentes livros e falar sobre eles; praticar actividade fisica com assiduidade; dar explicações; fazer voluntariado; amar os outros; acreditar que os professores estão a trabalhar com uma missão...3) adultos: o amor pelas pessoas; o respeito pelas diferenças individuais; humanizar os contactos; resiliência; ouvir música; ler muito; estudar ainda mais e sempre; amar pessoas (take2), gostos culturais diversificados; egoless; perguntar para ter a certeza que percebeu o que lhe foi dito; gostar de conversar; ser focado; aplaudir os vencedores da vida; não pactuar com jogos de poder; amar a VERDADE; ser frontal e educado...
Obrigado Ana!
Helena, que discurso :) Parabéns. Gostei de muita coisa, do termo egoless que nunca tinha ouvido. Mas sim...esses valores vai aumentar as hipóteses de termos um líder...mais empático, dedicado, visionário e preocupado com os outros. Desenvolver competências em si e nos outros...um misto de alguém que se desenvolve e fomenta outros.
A Liderança, ou a capacidade para liderar, ou o estilo de (gestão)de liderança,ou perfil de lider ou a "formação base para a liderança", ou "as áreas que considero mais importantes para a liderança.
Caros Colegas, com todo o respeito que merecem, a liderança não deve ,repito, não
deve ser discutida nestes termos,porque não faz sentido.Não se trata de traços ou dimensões comportamentais.
A Liderança ACONTECE.
A Liderança é um acontecimento.
Carmo
Obrigado Carmo, acredita então que é tudo...genético? Ou o 'acontecer' é natural, é isso? Apenas para tentar o que pode ser isso do acontece. Mas concordo quando diz que é um acontecimento...percebendo eu que quer dizer que há momentos e contextos que fazem com que determinadas pessoas estejam mais aptas para liderar ou sejam quase 'empurradas'. É? Obrigado.
Bom dia Rui. Quando não estou ao serviço dos coachees, posso escolher estar ao serviço dos meus pares! Na maioria das vezes, temos 'dentro de nós' as respostas para as perguntas que colocámos...só precisamos de um danonhinho, com a forma de uma qq Helena ou utilizando, sem receio o lateral thinking. Obrigada
Helena
Sim, concordo. Mas existem tantos exemplos práticos de que nos queixamos que queremos ter essas hipóteses e quando as temos...não conseguimos, não queremos, etc. Pode-se ver isso no ensino universitário...tantas vezes.
"...não conseguimos...não queremos...". Rui o seu desalento deixou-me "quebrada" e sinto-me a questionar muita coisa...Ocorre-me que as falhas narcísicas são muito responsáveis por este "querer, depois não querer...não conseguir...". Pois, como é que se injecta "vontade" e "persistência? Eu diria que com uma enorme dose de generosidade e de incómodo. No entanto, e isto deve estar presente na nossa cabeça...por vezes temos que abdicar de um hipotético coachee. Por vezes as pessoas não querem mesmo, não têm condições, não estabelecem a relação connosco. Quando esta "quebra" se passa connosco, o ideal é procurar um colega mais experiente e fazer mais uma tranche de sessões. Somos vulneráveis, e isso é bom.
Helena
Eu falava dos desabafos dos alunos universitários, pessoas que apanhamos nas formações, que se queixam que querem oportunidades para isto e aquilo, mas depois não se preparam adequadamente nem estão predispostos para um extra-mile. Não falava de mim pessoalmente. Mas entendo o que disse e concordo com a parte final...já me aconteceu passar a outro colega.
Ops! Não me fiz entender. Não falei de si, mas do seu sentir. As minhas desculpas! No entanto, e voltando a olhar para o seu último post, partilho consigo que é preocupante percebermos esta falta de consistência em alguns dos jovens adultos. A falta do "colo" certo, a falta do "não" certo, não ajudam a construir pessoas coerentes, ajudam a construir pessoas com muitos "buracos", buracos que não se preenchem com nada. Professores consistentes, que saibam "escutar", a par e passo com uma terapia feita por um bom profissional, podem ajudar.
Helena
Caro Rui
Será que pode haver semelhanças entre Brain Based Leadership e o conceito cientifico de NeuroLeadership ?
NeuroLeadership é um campo emergente de estudos focados em trazer o conhecimento das neurociências para as áreas de desenvolvimento de liderança, formação, gestão, gestão da mudança, educação, consultoria e coaching.
O movimento NeuroLeadership destina-se a ajudar os indivíduos e organizações de todos os tipos de realizar o seu potencial através de uma melhor compreensão de como o cérebro humano funciona em níveis individuais, da equipa, e sistêmica.
A palavra NeuroLeadership foi criada em 2007, e desde aí até hoje muitos desenvolvimentos têm ocorrido nessa área.
Foi criado o NeuroLeadership Institute, que proporciona formação pós graduada e de master em "Neuroscience of Leadership", e organiza ainda um Summit anual, em que se reunem neurocientistas e pessoas ligadas ao desenvolvimento pessoal e organizacional, coaches , consultores, etc.
Este ano o NeuroLeadership Summit vai decorrer daqui a menos de um mês, de 8 a 10 de Novembro, em San Francisco.
O ano passado fui o único português que foi de Portugal ao Summit 2010, que decorreu em Boston.
Esta ano irei estar de novo presente e gostaria que houvesse mais portugueses na audiência.
Podem ver mais detalhes em :
http://events.linkedin.com/NeuroLeadership-Summit-2011-San/pub/680702
se pretenderem mais informação sobre NeuroLeadership ou sobre o Summit, contactem-me por favor.
Grato.
José
Obrigado Caro José, vou ver com toda a atenção.
ok Rui, aguardo o seu contacto com questões que possa ter.
José
Helena,
Fiquei encantada com a sua posição. Na minha opinião, está obviamente repleta de razão!! Por falta de colo; de histórias e de "nãos" consistentes durante a infância, encontramos infelizmente muitos adultos que se comportam pior de que algumas crianças!!
Curiosamente também nunca tinha ouvido o termo "egoless".
Os meus cumprimentos.
Fátima
Com a experiência profissional ao longo de 20 anos aprendi que na base da Liderança, deve de estár o saber ouvir e respeitar ideias diferentes, pondo em prática a melhor ideia mesmo que não seja a dele, dando assim oportunidade a todos os liderados em parteciparem activamente na liderança.
Henrique
Também concordo nessas Caro Henrique. E gosto da tal partilha...que pode ser de ideias, etc.
Estamos a falar de uma liderança inspirada nos princípios da inteligencia emocional.
Parreira
Sim, embora existam lideranças ou estilos ou contextos que não 'querem' saber muito disso. Apoiam-se em outras ferramentas. A questão pode ser se têm resultados apenas imediatos ou também a médio-longo prazo.
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