A diferenciação dos elementos nas nossas equipas não fica circunscrita apenas aos distintos papéis que cada um assume ou se espera que eles assumam nos processos de grupo e na resolução de problemas diariamente. A diferenciação dos elementos vai muito para além daquilo que pode ser apenas visível: as tarefas.
Os elementos, para lá dos seus papéis (ler Belbin, sugestão), agregam consigo um conjunto de competências e características muito pessoais que constituem a sua identidade com cinco componentes e adquiridas antes sequer da grande maioria dos líderes ter conhecimento os colaboradores:
- Cultural;
- Funcional;
- Pessoal;
- Profissional;
- Relacional.
E com diferentes níveis:
- Eu visto por mim (forma como o próprio se percepciona);
- Eu e os outros (o que os outros dizem e pensam de mim);
- Eu e o exterior (a dimensão, o estatuto, o cartão de visita, a apresentação, o contexto no qual vivo e trabalho);
- Eu e o referente (a figura parental ou institucional, a figura que dá sentido e condicionou a evolução, como me posiciono em relação a esse referente para determinar o valor das coisas).
E por fim, a parte essencial e importante da identidade individual, que em termos práticos, é um dado muito importante para o líder, treinador, gestor, etc. Porque aquilo que é menos mensurável na pessoa e que está mais longe de outra qualquer pessoa poder modificar, melhorar ou superar, é exactamente aquele ponto que pode ser crucial para o sucesso ou insucesso individual e colectivo da equipa onde se insere.
O inconveniente da diversidade da equipa pode residir no maior potencial de conflitos interpessoais dentro da equipa ou desentendimentos sobre quem deve executar, operacionalizar, questões relacionadas com o dia-a-dia da equipa. Mas não nos podemos esquecer que as equipas representam a mundo global em que vivemos, e a capacidade tolerante e a comunicação mais flexível pode ser uma vantagem fundamental.
25 comentários:
Obrigada Rui! Vou ler cuidadosamente. É sempre bom relembrar ou apreender algo de novo!
Beijos e bom trabalho.
MJ
Parabéns, Rui! Tuas palavras são sábias. Abraços!
Obrigado Mónica pelo feedback. O livro para onde deu o contributo sai ainda este ano, depois será convidada para o lançamento.
Até breve e votos de bons treinos e jogos,
rl
Cara Elisa,
Muito obrigado pelo feedback.São pensamentos...é pena não serem assim tão usuais.
Cumprimentos,
Tenho esperança que SIM, em especial quando a selecção é feita pela própria empresa/organização interessada. Mas, tenho algumas dúvidas, sempre que a selecção é feita por terceiros, por mais competentes. É certamente por essa razão que as entidades de R&S devem sempre apresentar um número significativo de seleccionados, com indicação de prós e contras para cada caso. Pessoalmente, a parte final da selecção é sempre da minha responsabilidade. Mas creio que a questão que o Rui coloca, tem outro sentido mais nobre e profundo: é se temos presente a PESSOA que mora dentro de cada candidato/a. E é aí que a S&R nem sempre vai tão longe quanto preciso!!
Maria Trigo
Acredito que a mudança esteja em nossas mãos e, principalmente, no nosso saber que se lapida a cada dia. O universo sem sensibilidade, até mesmo nas organizações, está perdendo espaço. Mais uma vez obrigada e continue nos propiciando reflexões. Abraços!
Elisa
Obrigado, também era isso. E que apesar de bem, coloca-se muito enfoque no treino e formação, mas devemos ter em conta que por vezes o que está a facilitar ou a impedir que determinada pessoa e equipa renda...são questões da identidade já difíceis de alterar. Que está lá muito para baixo no iceberg...
Estamos de acordo, Rui....e do iceberg pessoal (como organizacional) apenas conseguimos vislumbrar uma pequena parte e nem sempre a mais sigificativa.
Maria Trigo
Portugal precisa que se veja mais para além da "cunha", era excelente que lessem o seu artigo e o praticassem.
Graça Coelho da Silva
Cara Graça, isso é que é um feedback! Obrigado. Nunca peço que concordem, mas que pensem e consigam fundamentar algo. Isso...já era excelente para o nosso país.
Concordo com o que foi referido particualrmente quando escreve, "a parte essencial e importante da identidade individual" (sic), num tempo que se previlegia apenas a capacidade e experiência técnica. Quando se escolhe, defendo fortemente que se dê especial atenção a essa identidade individual se quisermos ter o contributo da pessoa em análise. Só assim podemos ter diversidade cultural, de sensibilidades, de novas formas de abordagem das tarefas, evitando a escolha de mais um ás "ordens" das ideias de um líder.Conflitos? Certamente existirão mas caberá ao líder da equipa a capacidade de interagir, a capacidade de comunicar, a capcidade da humildade para reconhecer que não sabe tudo.
Parabéns pelo artigo Rui Lança
Muito obrigado pelo feedback José Dias. E também concordo consigo, mas vamos ver se os dias de hoje vão desencadear algo ou impedir que algumas das nossas ideias e sugestões se mantenham por cá.
E já agora em qual dos "eus" é que enquadras o "eu e os meus objectivos pessoais"? e será que muitas vezes os conflitos não surgem porque os objectivos pessoais do individuo nem sempre são coincientes com os objectivos da organização?
Raul Garcia
Olá Raul, Começando pelo final, diria que muito dificilmente os objectivos individuais são os mesmos que os colectivos. Podem acontecer diversas situações:
- os meus serem incluídos natural ou forçadamente nos da organização;
- eu perceber que para atingir os meus objectivos tenho de atingir ou atingir colectivamente ajuda a atingir os meus;
- e numa situação mais difícil, e que distingue as grandes equipas e organizações, as pessoas darem mais enfoque aos objectivos colectivos do que aos seus.
Pelo início, o 'eu' e a identidade tem duas partes: essencial e importante. A questão dos objectivos profissionais aparece no importante. Mas atenção, porque os objectivos pessoais numa empresa nem sempre estão relacionados com o próprio trabalho. Pode ser uma questão de ganhar atenção, poder, liderança, questões mal resolvidas na faculdade, querer protagonismo...
Esta é a minha opinião. E a tua? Abraço
Caro Rui,
O seu texto faz-me lembrar Danny Meyer - empresario de NY, que escreveu no seu livro, a regra 51%. 49% de capacidade tecnica e 51% de formação cultural, comunicação verbal e cultural, capacidae de integrar ima equipa e realmente ser uma mais valia no seu ser, ao qual concordo totalmente..enfim, contratar nao é so o ordenado e se "tem jeito". Existe um "mundo" de outros predispostos que cada vez ganham uma importancia ate hoje - principalmente no nosso País - inexistente,
Belo texto!
MDS
Obrigado Miguel. Não conheço esse empresário nem o livro :( Vamos construindo uns textos, tentando alterar algumas atitudes...e que elas se concretizem em comportamentos. Ainda hoje durante uma acção de formação que dei, falávamos disso. Como nos focamos em tanto que não conseguimos alterar?
Danny Meyer foi um pioneiro num tipo de restauração de excelencia pelo serviço. é o mais conceituado empresario de restauração de NY. o Livro esta na Amazon e recomendo vivamente. Nas minhas formações costumo cita-lo com alguma regularidade,
Por medo do desconhecido, somos levados a pensar.. "é assim ja nao muda" em vez de investirmos e criarmos tendencias e novas formas de actuar. Penso que o investimento no individuo é que de mais gratificante existe.
Tenho a certeza que na maioria dos processos de recrutamento " nos lembramos" destas dimensoes do eu. O desafio é no momento é a urgencia de colocar um colaborador versus o tempo disponível para o processo. O ideal seria tempo e escolha certa de recursos, ainda que a escolha certa é sempre tão subjectiva. O ser humano e tão mutável... hoje está bem num grupo, amanhã algo muda, pode ser apenas ele próprio que muda, sem ter a ver com outra pessoa. A tensão da crise, o grupo de amigos que se vai desmoronando com os divorcios, a familia que por um lado crece e por outro diminui... a vida é tão inconstante que pensar que se escolhe a pessoa certa para o lugar certo é mera idealização. A complexidade mental sofre evoluções e o que precisamos é evoluir com elas. A minha experiencia em serviço ( hotelaria) é muito vasta e por isso deixo este meu contributo
Cristina Madeira
Cara Cristina,
Gostei bastante do seu contributo. Concordo em parte, embora considere...que se for alguém para estar 'connosco' pouco tempo, aceito. Mas se for alguém para estar teoricamente na nossa organização algum tempo, convém investir um pouco mais de tempo tal as consequências que podem vir daí.
Obrigado!
Bom dia
Ganhar atenção, poder, liderança e protagonismo é o que todos queremos, alguns são moderados e muito discretos nas suas atitudes, outros nota-se que são desmesuradamente ambiciosos e gananciosos, a maioria de nós felizmente ficará algures entre estes dois extremos.
E qual será o melhor trabalhador para a organização? O discreto e pouco ambicioso ou o que dá nas vistas e é muito ambicioso? É verdade que uma organização pouco ou nada evolui se os seus colaboradores não forem minimamente ambiciosos, mas também é verdade que um individuo demasiadamente ambicioso pode provocar a concorrência entre pares e destruir todo o espirito de equipa duma organização.
E será possível no processo de selecção avaliar a verdadeira dimensão da ambiçao do candidato? E será possivel à organização conhecer o nível de ambição desejável para o cargo que pretende preencher?
Um abraço
Raul Garcia
á agora, sugiro um google por KOSTICK e PAPI, testes psicológicos aplicados por inúmeras empresas de RH para apurar a personalidade de um elemento no grupo de trabalho. Sugiro: http://www.cubiks.com/Products/PersonalityAssessments/Pages/papi.aspx e http://www.imageninstitucional.com/kostick.htm para primeiras impressões.
GINA NANDI
Estive a ler o seu artigo e achei que tem pontos muito interessantes.
Realmente quando temos de avaliar alguém, para desempenhar um
cargo dentro de uma equipa, existem inúmeros factores a ter em conta
que não são apenas de âmbito profissional.
As aptidões pessoais, os interesses culturais e outros, outras capacidades,
técnicas, motivações, ajudam a definir, sem duvida, o carácter de quem pode
vir a integrar a equipa!
Em todo caso, segundo reza a história, "aprender até morrer".
Isto é na interacção pessoal, teremos sempre a aprender uns com os outros.
Quando se elabora um Currículo na Europa e nos EUA, a componente
pessoal têm tanto valor, por vezes até mais, do que as competências
profissionais.
É que carregamos "outros hábitos" de experiências profissionais anteriores...
David Baena
Obrigado David, a parte onde se vive...condiciona até isso, dos conteúdos curriculares.
Gostei muito do artigo, concordando inteiramente com ele e, respondendo à questão que é colocada, creio que apenas uma pequena percentagem dos "recrutadores" têm estes aspectos em atenção.
Falando por mim, como profissional, creio que tenho mais valor por toda a minha experiência adquirida do que propriamente pela minha licenciatura.
A forma como agora encaro os desafios, como lido com os meus colegas, clientes, fornecedores, etc. é completamente diferente da atitude de há uns anos.
Na minha perspectiva (vale o que vale a minha opinião sobre mim próprio) melhorei esta perspectiva e tento ver o lado positivo das coisas. Verifico que outros profissionais, com a experiência adquirida tendem a ser negativos, pessimistas, "arrastando" quem os rodeia para uma "onda de negatividade".
Correndo o risco de ser mal interpretado, é a minha opinião.
Obrigado.
Obrigado Pedro pelo feedback. E também concordo consigo até porque infelizmente as empresas perdem muito em não tentar saber algumas coisas das pessoas que contratam e a deixarem 'fugir' outras que na complexidade que é trabalhar em equipa trariam outra qualidade e se encaixariam se calhar de forma mais eficiente. Cumprimentos.
Enviar um comentário