Coach do Coach

Os melhores profissionais e as melhores equipas têm um denominador comum: serem peritos nas competências intra e inter que perfazem as relações interpessoais entre todos os objectivos, as ferramentas e os meios.


segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A desresponsabilização do resultado

Mais uma crónica no MaisFutebol!

Um dos riscos dos treinadores e dirigentes culpabilizarem constantemente o exterior é a criação de uma certa cultura de desresponsabilização que possa passar uma mensagem errada para os atletas. E quando escrevo errada não é no sentido ético ou social. É errado porque pode criar nos atletas uma sensação que o que fazem é melhor ou menos errado do que a realidade. E com isto a capacidade de autocrítica é menos concreta e construtiva.

Não quero com isto assumir que os clubes se queixam sem fundamento. Existem vários casos que podem dar razão ao clube que se queixa. Mas a verdade é que quando esses clubes são beneficiados (e são quase todos) não se vê esse sentido crítico ou essa coerência e os jogadores podem ser levados a acreditar que fizeram tudo bem e que não há tantas coisas a melhorar. O velho exemplo de que quando o atleta é titular é mérito dele e quando não joga é por opção do treinador. Ou seja, o que é bom é meu mérito o que é menos bom é da responsabilidade dos outros.

Os melhores atletas são motivados de modo intrínseco. Podemos retirar várias informações por aqui e uma delas é que esses atletas têm uma maior capacidade de se motivarem por eles próprios do que os que são motivados de modo extrínseco, ou seja, por fatores externos a si. Geralmente pelo reconhecimento que têm, colegas, ambientes de estádio, objetivos criados pelos seus líderes.

Mas também pressupõe outro aspeto bastante importante: os atletas motivados mais pela questão extrínseca também são mais permeáveis a aspetos negativos. Ansiedade, ambientes conflituosos, ruídos, desresponsabilização das suas ações, etc. E quando um plantel se vê no meio de uma disputa de acusações e desresponsabilizações, nem todos têm a capacidade de discernir que dentro dos possíveis erros dos árbitros ou outros agentes desportivos, há uma percentagem pequena ou grande de aspetos que devem ser melhorados e que são garantidamente da sua responsabilidade. 

O risco de não se dividir que os árbitros erram de os insucessos da equipa se devem exclusivamente a esses erros, é que com esta última afirmação, retiramos dos atletas qualquer responsabilização e consequência do que fazem menos bem. E com isto deparamo-nos com um aspeto interessante de ser analisado: é que quando essas equipas não vencem e não há nada a apontar aos outros agentes desportivos envolvidos, os atletas têm alguma dificuldade em conseguir de modo claro, conciso e concreto em compreender onde podem claramente melhorar.

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