Coach do Coach

Os melhores profissionais e as melhores equipas têm um denominador comum: serem peritos nas competências intra e inter que perfazem as relações interpessoais entre todos os objectivos, as ferramentas e os meios.


sexta-feira, 7 de março de 2014

Chegar melhor preparado

"Por que chegam geralmente mal preparadas as pessoas em termos de atitude e comportamentos cooperantes, colectivos e comunicacionais às empresas e organizações? Por que razão esta temática, não sendo nova, continua a verificar um hiato entre o que é necessário e o que é fomentado? Quer no ensino quer na sociedade?”

Uma das constatações que um formador na vertente mais comportamental afere é a impreparação que uma maioria das pessoas e equipas, não descurando nunca as suas habilidades técnicas nas áreas onde exercem as suas funções, tem para trabalhar em equipa, em expressar-se ou coordenar-se. Na falta de hábitos de partilha, predisposição interpessoal, muitos pressupostos comunicacionais e relacionais, dificuldade em entender as vantagens de saber os seus mapas mentais relativamente à forma como se comporta e (re)age a uma série de acontecimentos.

Embora de um ângulo diferente, este facto também é visível quando se lecciona no ensino superior. Alguns (muitos? demasiados?) alunos continuam a sair de um curso sem saber apresentar uma ideia estruturada e ‘apetecível’. Têm poucas ou nenhumas noções sobre a real importância de possuírem impacto comunicacional nas suas conversas, apresentações, discussões, etc. Sempre que existe necessidade de realizar tarefas ou trabalhos em grupo há uma resistência enorme. Não possuem habilidades em estruturar pensamentos, ideias ou até um texto. E dão demasiado relevo ao talento em favor do saber agir.

Todos ganharíamos se o mercado de trabalho (e a própria sociedade) recebesse os potenciais colaboradores melhor preparados ao nível das competências comportamentais. Até porque vários estudos demonstram que as organizações e equipas com melhores resultados e durante mais tempo apresentam, acima de tudo, processos relacionais e comportamentais mais eficientes. Deixou de ser uma questão de talento, não porque este tenha deixado de ser importante, nada disso, mas porque existe cada vez quantidade de potenciais colaboradores a sair das universidades com conhecimentos técnicos em diferentes áreas.

Falta - e continua a faltar… - pessoal competente aquando do trabalho em equipa, em contextos flexíveis e exigentes em diferentes áreas, em que lhes é exigido para liderar, comunicar, tomar decisões, motivar, definir objectivos ou desenvolver os outros. Perante esta realidade, existe a necessidade urgente de trabalhar dois futuros:

1) Um onde naturalmente existam cidadãos e profissionais com maior capacidade de trabalhar em conjunto, capacidade de foco, definição de objectivos, motivação interpessoal, não ter receio de decidir e delegar decisões. Estas pessoas continuarão sempre a precisar de formação na óptica do alinhamento de visões e compromisso colectivo. Mas partindo de um princípio que o indivíduo traz consigo uma mochila de hábitos, experiências e competências que facilita esse trabalho colectivo.

2) O outro futuro será a viagem que qualquer criança, jovem e adulto fará até chegar ao mercado de trabalho. Ou seja, um caminho onde existam mais e melhores episódios de participação activa em projectos sociais, ambientais, desportivos, empresariais. Onde a média de participação em ONG’s seja superior à actual. Onde na escola existam mais interacções e disciplinas que incentivem ao empreendedorismo pessoal. Que existam mais professores no ensino universitário a potenciar essas mesmas competências comportamentais que referi.

Em geral, os jovens e adultos chegam e estão mal preparados para o mercado de trabalho ao nível das suas competências comportamentais. É urgente trabalhar em metodologias, dinâmicas, sugestões, acções para que os hábitos dos jovens e adultos a trabalhar em equipa, a comunicar, a partilhar, a serem empáticos, dinâmicos, flexíveis e focados sejam melhores e mais eficientes!

É quase como uma convicção, mas considero existir uma relação directa entre a inexistência de trabalhos nas áreas comportamentais nas nossas crianças e jovens durante o seu ensino, infância e juventude e a falta de hábitos positivos de trabalho em equipa e situacional nos nossos adultos e trabalhadores. Começo também a perceber que os próprios adultos têm identificado essa noção. Mas nem todos consideram que isso seja...grave. E isto é por si só um sinal ainda mais grave. Daí ter considerado que seria benéfico ‘descer’ e tentar incutir estes hábitos de trabalhar com o outro, fundamentar, discutir pontos de vista, gerir pessoas, tomar decisões, comunicar, aceitar a diferença, etc. cada vez mais cedo. Com as crianças, jovens, alunos. O nosso futuro!

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