A pré-época está aí e com
isso acentuam-se as entradas e saídas de jogadores. As equipas técnicas, porque
vivem de resultados, confrontam-se com a necessidade de formar o mais cedo
possível uma equipa equilibrada e à altura dos desafios e objectivos. Mas
formar uma equipa demora tempo. Até pode nunca terminar, dado que é um processo
longo, faseado, alimenta-se de resultados e conquistas e tem de forma
inesperada, lesões, contratempos e dinâmicas internas do grupo muito
específicas.
O tempo é um factor
importante para os treinadores e processos de grupo. Não porque muito tempo
implique necessariamente uma boa identidade da equipa, mas porque a falta dele
dificulta a aquisição de alguns atletas dos princípios, não só do jogo que o
treinador tenta impor, mas dos valores e dinâmicas da sua equipa. Da identidade
e do compromisso colectivo que o treinador trabalha diariamente com o objectivo
de ser assimilado o mais rapidamente possível.
A visão que o treinador
tem para a sua equipa na temporada também é fundamental. O treinador tem
geralmente capacidades de liderança carismática, forte, dirigista, boa
capacidade comunicacional e deve conseguir que essa visão seja assumida por
todos. De forma reconhecida e não imposta, porque só assim pode ser sentida
colectivamente. O modo como este processo acontece depende muito de três
factores: quem é contratado, para o que se contrata e como comunica aos mesmos
o que se pretende deles.
Outro factor importante é
o acolhimento e alinhamento de novos jogadores. A entrada dos mesmos visa
acrescentar valor e colmatar lacunas. Ou porque uns saíram ou porque os que já
fazem parte da equipa não chegam. Embora o jogador seja por natureza alguém focado
em objectivos e auto-motivado, cabe ao treinador tornar este processo o mais
claro e agregador. E claro está, colectivo. Não interessa ninguém que apenas
pense nos seus objectivos. Phil Jackson dizia que um dom do treinador era
explicar e conseguir que o atleta entendesse que seus os objectivos eram mais
facilmente concretizados se os da equipa também o fossem.
A pré-época coloca sempre
uma maior carga de ansiedade. Porque existem indefinições, trabalha-se na
incerteza e o processo de formação é um processo que necessita de algum tempo,
mas em que as derrotas têm mais de travão que as vitórias de acelerador. Como
pode um treinador facilitar o crescimento? Fomentar o espírito colectivo é
fulcral, porque é em equipa que se ganham jogos. Clarificar a direcção que se
pretende e qual o papel de cada um também, porque não pode haver desnorte e
todos têm de saber quais as suas responsabilidades. A comunicação tem de ser
clara, porque é com assertividade e empatia que o treinador ‘entra’ nos
jogadores. A estratégia do como e do comportamental demora, e por isso, mais do
que ir depressa, é preciso ir bem. A definição dos objectivos é o farol que
ajuda a motivar, liderar e puxar. O todo tem de ir para o mesmo sítio.
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